A Semente do Bem
E lembrando daqui e dali voltei ao meu passado, não sei se todas as pessoas são ligadas às suas raízes, eu pelo menos sou muito ligada às minhas. Acho lindo tudo aquilo que passou, vivi e vi. Engraçado que parece que todas as pessoas que faziam parte da minha infância também carregam consigo um poço de saudades.
E quem vê esse casarão em ruínas, por onde muitas vezes, quando criança passei pelas calçadas, não sabe que dentro dessas paredes existiu uma bela e grande história.
Era o Casarão da família Balbina Viana Arrais. Construído em 1907.
Segundo narra a escritora Marineusa Santana, que foi uma das minhas professoras, e narra no lançamento do seu livro o texto a seguir:
Boa noite aos componentes da mesa, aos amigos da Cultura, e
a todos que nos prestigiam, com suas presenças.
Quem em Brejo Santo pode dizer que não gozou ou não goza dos
efeitos ou benefícios das obras realizadas por Balbina Lídia Viana Arrais - A
MESTRA?
As suas iniciativas, as suas realizações, seus feitos estão
presentes na nossa cultura até hoje, pela tradição oral ou escrita ou pela
própria história da cidade.
Ela veio à Vila de Brejo dos Santos, a mando do governo, ensinar
as primeiras letras, por um determinado espaço de tempo, pensaram alguns,
principalmente por saberem ser ela esposa do Boticário Lydio Dias Pedrozo.
Engano !
Deus é providente e não falha aos que nele confiam.
Aqui ela ensinou as
primeiras letras às crianças, aos
adolescentes , às donas de casa, à luz do candeeiro à noitinha; ensinou
a amizade, a solidariedade, o respeito, a partilha , o amor, ensinou a
dignidade a muita gente, ensinou enfim o valor da vida , ensinou a viver, com o
seu testemunho de vida.
Acolhida por Basílio Gomes da Silva iniciou na Taboqueira a
missão desempenhada eficazmente até sua morte e soube tão bem transmitir à
Filha, às netas, às afilhadas, as agregadas, às amigas a todos que tiveram a
graça de com ela conviver.
Entre os alunos garimpava os diamantes brutos e
encaminhava-os aos seminários ou em busca de uma profissionalização.
Seu temor a Deus era tamanho a ponto de não fechar as portas
de sua casa para quem quer que fosse, nem para socorrer a um cangaceiro agonizante.
O Casarão serviu de escola, Igreja, Casa paroquial, esteve
sempre disponível a tudo e a todos.
Porém não houve nenhuma autoridade que se
sensibilizasse e buscasse junto aos órgãos federais uma ajuda a fim de que ele fosse tombado como
Patrimônio histórico. Os universitários e os professores que tentaram fazer
algo,não mereceram a atenção das nossas autoridades. Quantas vezes vi Madrinha
Auristela sair à procura de negociar a
fim de poupar a demolição do casarão. Tudo em vão. O pior de tudo é que
demoliram sem necessidade. Nada foi construído. Está lá apenas o muro das
lamentações.
Não podemos esmorecer. Precisamos buscar parcerias com
instituições, reedificar o casarão para um espaço cultural.
É louvável registrar os dados para a nossa história não se
perder. Nossas novas gerações precisam saber da sua história; Mas ainda é tempo
de lutar a favor da reconstrução do CASARÃO DO SABER, da Nascença e de outros
projetos .
Obrigada aos familiares de D.Balbina que se fizeram
presentes, a todos que contribuíram para a impressão do Livro, aos que
compareceram ao evento e aos que se juntarão a nós na luta pela cultura..
Meus sinceros agradecimentos e Boa Noite.
Marineusa Santana
29/12/2007
A minha homenagem nessa postagem é para a Dona Balbina Viana Arrais, muito ouvi falar no seu nome, na grandeza da sua alma. A ela devo o fato de saber ler e escrever porque foi ela que plantou o alfabetismo naqueles tempos tão difíceis, ensinando à luz de candeeiro.
A minha homenagem também é para a Marineusa Santana, escritora e professora, pessoa extraordinária, culta, simples, amiga, solidária e que muito fez pela nossa cidade. Foi uma das minhas professoras. De longe sempre acompanhei o seu trabalho, lendo os seus textos e cronicas. Que Jesus abençoe esses anjos que fizeram parte de alguma forma do meu passado e lá no espaço infinito continuam plantando a Luz do Saber e do Entendimento.
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