Moça Véia Não. Deus me livre e guarde!



É cada uma que acontece neste mundo, que contando ninguém acredita e eu que pensava que já tinha visto de tudo agora eu sei, afirmo e assino embaixo:
Eu não vi foi nada!
Pois nos tempos da Chica existia uma história de moça ter medo de não casar e ser chamada de moça velha que era um negócio sem explicação. Porque se casava mesmo sem gostar do dito cujo só pra não ser chamada de moça velha.
E eu com 10 anos já tinha esta preocupação. Já pensou quando eu crescer e não casar e me chamarem de bruaca, de moça veia, de caritó, de vitalina, o que é que eu vou fazer?
E o que seria da minha vida e do meu destino?
Lavar pinico, cuidar de sobrinho pras mães saírem pras festas, levar recados, vigiar namoro de sobrinha assanhada, lavar igreja, escutar fofoca, falar da vida alheia?
Deus que me livre, pois moça veia eu não fico porque vou ser freira. Pois estes eram os meus planos.
E eu com aquela cara de melancia, doida pra criar espinhas na cara, ficava de ouvidos afinados na casa da chica só pra ouvir as estórias das futuras moças velhas que por mais um pouco estavam virando titias.
E esta história era coisa sério mesmo, bastava uma discutir com a outra, que esta já gritava pros quatro cantos do mundo!
E que xingasse de qualquer coisa, menos desse nome aí:
( M-O-Ç-A V-E-I-A )!
Venha pra cá sua moça velha encalhada! E eu? No meu futuro não queria ouvir uma coisa dessas. E foi que um dia alguém ensinou uma simpatia pra umas que estavam pra chegar nessa estação de moça velha.
A meia noite em ponto, quando o relógio da Igreja batesse as 12 badaladas, chegava-se na porta da Igreja, chamava-se pelas almas e pedia um marido. O pior disso tudo é que tinha que gritar, não era um pedido feito em pé de orelha não. Se fosse era muito bom, assim ninguém ficava sabendo, o pior disso tudo é que o pedido era feito aos berros.
Eram as badaladas do relógio soando de noite afora e os pedidos juntos. E se alma tinha ouvidos, garanto que muitas delas ficaram surdas! Porque os sinos do relógio da Igreja da minha cidadezinha quando batiam as horas, se ouvia a kilometros, tão fortes que eram!
E cidadezinha pequena, já sabe, no dia seguinte a noticia corria solta!
E havia umas mais afoitas que para apressar mesmo o pedido, preferiam ir direto na fonte: ou seja, na porta do cemitério. O que era uma boa ideia, porque o repouso final ficava bem afastado da cidade e lá eu duvido que ninguém ia ficar sabendo.
Não sei se a simpatia funcionava, sei apenas que na Igreja quase todo santo dia tinha casamento.

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Maria de Lourdes
Maria de Lourdes

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2 comentários:

  1. Olá!
    Olha estou rindo até as horas,menina eu ouvia essa coisa de moça velha desde pequena.Tem quem faça ainda até hoje simpatias para Sto.Antônio.Não,sei mas conheço que muitas se casaram.
    Cheguei aqui através de visita aos amigos,onde conheci o seu link e já sou sua seguidora.
    Adorei!!!!
    Felicidades.
    http://wwwavivarcel.blogspot.com.br

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  2. Pois é querida Fênix, ser chamada de moça velha era uma agonia. A pessoa deixava de ter nome pra ser chamada de moça velha. E assim era: sabe aquela moça velha que mora não sei onde? sabe aquela moça velha que canta na Igreja? sabe aquela moça velha que só quer ser nova? Que mentalidade hem? ser moça velha na minha cidadezinha era um verdadeiro martírio.
    Um grande abraço pra você e obrigada pelo comentário.
    bjos!

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